Desejamos experimentar uma “profunda e séria preparação, com a finalidade de favorecer o amadurecimento e o exercício da liberdade e dos carismas”. [1]Traçamos, então, cinco metas de nossa formação espiritual e moral, baseada nos três pilares da fé da Igreja: a Sagrada Escritura, a Sagrada Tradição e o Sagrado Magistério.
- Deixar-nos conduzir pelo Espírito Santo
Essa é a nossa identidade: Pedir e experimentar diariamente a efusão ou derramamento do Espírito, com todas as suas consequências.
“Nos nossos dias, a Igreja do Concílio Vaticano II, numa renovada efusão do Espírito de Pentecostes, amadureceu uma consciência mais viva da sua natureza missionária e ouviu de novo a voz do seu Senhor que a envia ao mundo como sacramento universal de salvação”.[2]
“Tal espiritualidade exprime-se, antes de tudo, no viver em plena docilidade ao Espírito, e em deixar-se plasmar interiormente por ele, para se tornar cada vez mais semelhante a Cristo”.[3]
- Viver o mistério de “Cristo Enviado”
“Nota essencial da espiritualidade missionária é a comunhão íntima com Cristo: não é possível compreender e viver a missão, se não vos referindo a Cristo, como aquele que foi enviado para evangelizar”[4] (Fl 2,5-8).
A igreja é o corpo místico de Cristo. < “Assim como os membros do corpo humano, apesar de serem muitos, tornam-se um corpo único, assim também os fiéis, em Cristo (I Cor 12,12)… O Espírito, unificando o corpo por si, com sua virtude e a coesão interna dos membros, produz e estimula a caridade entre os fiéis. Cristo é a cabeça deste corpo. Ele é a imagem do Deus invisível, e nele foram criadas todas as coisas. Ele existe antes de todos, e tudo subsiste nele. Ele é a cabeça do corpo que é a igreja”.>
Dele, “o corpo inteiro recebe alimento e coesão, através dos ligamentos e junturas, realizando assim o seu crescimento em Deus. (Col 2,19)”.
Como leigos missionários de Cristo, somos parte valiosa deste corpo místico e não desejamos que este corpo adoecesse por nossa causa, por isso, nossa missão. Almejamos participar diariamente da fração do pão eucarístico e assim sermos um só corpo.
“Uma vez que há um único pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo, por que todos nós comungamos do mesmo pão.” (I Cor 10,17)
- Suprema adoração à Santíssima Eucaristia e comungá-la.
<<Os fiéis tenham na máxima honra a Santíssima Eucaristia, participando ativamente na celebração do augustíssimo Sacrifício, recebendo devotíssima e frequentemente esse sacramento e prestando-lhe culto com suprema adoração; os pastores de almas, explicando a doutrina sobre esse sacramento, instruam diligentemente os fiéis sobre essa obrigação>>[5]
A mais nobre verdade assumida por nós é o ardente desejo de sermos “adoradores em espírito e em verdade”. (Jo 4,23s). Jesus é o pão da vida, “o pão vivo que desceu do céu”. (Jo 6,51). Comungando Jesus Sacramento é o que teremos forças para superar qualquer dificuldade e preservar em seu amor.
A Eucaristia é “fonte e ápice de toda a vida cristã. Os demais sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e tarefas apostólicas, se ligam a sagrada eucaristia e a ela se ordenam. Pois a Santíssima Eucaristia contém todo o bem espiritual da igreja, a saber, o próprio Cristo, nossa Páscoa”[6]
A Santa Igreja nos obriga a adorar “não somente durante a missa, mas também fora da celebração dela.[7] Também obriga-nos a comungar aos domingos e nos dias festivos, ou ainda com maior frequência, e até todos os dias”.[8] Quem come a minha Carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele”. (Jo 6,56)
- Amar a Igreja e os homens como Jesus os amou
O Papa João Paulo II lembrava-nos que uma das principais características da espiritualidade missionária está na caridade apostólica, no ardor impelido pelo “zelo das almas”, inspirados no próprio Cristo. Quem tem o Espírito missionário não pode deixar de amar aos mais pobres do Reino. Tal caridade deve ser feita sempre com atenção, ternura, compaixão, acolhimento, disponibilidade, e empenho.[9]
Nosso maior exemplo de entrega é o próprio Jesus e a Santíssima Virgem. No entanto IMPF quer ter em sua característica espiritualidade missionária e caridade duas mestras desta missionariedade dos últimos tempos: a Bem-aventurada Madre Tereza de Calcutá[10] e Santa Terezinha do Menino Jesus,[11] a quem a própria Tereza se inspirou. Dois protótipos da vida missionária, o primeiro sinônimo da ação e a segunda citada, sinônimo da vida contemplativa. Assim como as duas irmãs de Lázaro. (Lc 10,38-42; Jo 11, 19-21).
<< O missionário é o homem da caridade… Ele é o “irmão universal”, que leva consigo o Espírito da Igreja, sua abertura e amizade por todos os povos e por todos os homens, particularmente pelos mais pobres e pequenos. Como tal, supera as fronteiras e as divisões de raça, casta ou ideologia: é sinal do amor de Deus no mundo, que um amor sem qualquer exclusão nem preferência.>>[12]
Outros documentos da Igreja nos alertam para este aspecto fundamental da vida missionária, por exemplo: ChL 41 pág. 12s / EN 79 pág. 108 / LG 33-34 pág. 73ss.
Sobre tudo entendemos que o amor é quem deve nos animar. (I Jo 4,7-21 / Jo 13, 1-20 / I Cor 13, 1-13). Por fim, queremos ser fiéis ao chamado de Cristo, testemunhando a amizade como um verdadeiro manancial quando Deus está no centro dela.
“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos.”
(Jo 15,13)
“Antes de ser construção humana, a comunidade religiosa é um dom do Espírito. (…) Criando o ser humano à própria imagem e semelhança, Deus o criou para a comunhão. O Deus criador que se revelou como Amor, Trindade, chamou o homem a entrar em íntima relação com ele e à comunhão interpessoal, isto é, à fraternização universal.”[13]
O IMPF deseja sempre agir com transparência e verdade para com todos membros. Tratando-os com o devido respeito pela pessoa e sua liberdade diante das decisões. << Por outro lado, é necessário buscar o justo equilíbrio, nem sempre fácil de alcançar, entre o respeito à pessoa e o bem comum, entre as exigência e necessidades de cada um e as da comunidade, entre os carismas pessoais e o projeto apostólico da comunidade. (…) A comunidade religiosa é o lugar onde se dá a cotidiana e paciente passagem do “eu” ao “nós”, do “meu” empenho ao empenho confiado à comunidade, da busca de “minhas coisas” à busca das “coisas de Cristo”. >>[14]
- Vida de Oração e Santidade, com uma constante devoção a Maria, nossa Mãe Imaculada.
<< A universal vocação a santidade está estritamente ligada à universal vocação à missão: todo fiel é chamado à santidade e à missão. A espiritualidade missionária da Igreja é um caminho orientado para a santidade.>>[15]
Nosso esforço deverá ser baseado no fervor dos santos, que durante as suas vidas apostólicas deram tudo de si por causa do Evangelho.
“Conservemos o fervor do espírito, portanto, conservemos a suave e reconfortante alegria de evangelizar, mesmo quando for preciso semear com lagrimas!”[16]
Logo, entendemos ter de buscar uma adequada preparação sobre a vida de oração e fomos encontrá-la a princípio no Cristianismo da Igreja, (CIC 2558 – 2758). “Orar nos acontecimentos de cada dia e de cada instante é um dos segredos do Reino revelados aos “pequeninos”, aos servos de Cristo, aos pobres das bem-aventuranças . É justo e bom orar para que a vinda do Reino de justiça e de paz influa na marcha da história, mais é também importante modelar pela oração a massa das humildes situações do cotidiano. Todas as formas de oração pode ser esse fermento ao qual o Senhor compara o Reino.”[17]
O IMPF deseja em sua espiritualidade missionária ter sempre uma “sincera, filial e profunda confiança em Maria; singular ternura para com ela; uma constante devoção nos tornará superiores a todos os obstáculos, firme nas resoluções, rígido para conosco mesmos, cordiais para com o próximo e exatos em tudo.” [18] Esta será o rosto do espírito de nosso ministério. Nossa Senhora, a Mãe de Jesus, é a “estrela da evangelização sempre renovada, que a Igreja, obediente ao mandato do Senhor, deve promover e realizar, sobretudo nestes tempos difíceis mas cheios de esperança.” [19]
Uma de nossas metas é estudar e aprofundar-nos sempre sobre a Bem–Aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, no mistério de Cristo e da Igreja.[20]
“O Maria, concebida sem pecado!
– Rogai por nós, que recorremos a vós.”
[1] CNBB doc. 62 175 pág. 119
[2] ChL 2 pág. 6
[3] RMi 87 pág. 135
[4] RMi 88 pág. 136
[5] CDC Cân. 898
[6] CIC 1324
[7] Ibid 1378
[8] Ibid 1389
[9] RMi 89
[10] Fundadora da Irmãs missionárias da Caridade *26/Ago/1910; † 05/Set/97, 87 anos. Beatificada por João Paulo II em 19 de Outubro de 2003.
[11] Tereza de Lisieux, conhecida também como Santa Teresinha do Menino Jesus, O.C.D. No dia 17 de Maio de 1925, Teresinha foi canonizada pelo Papa Pio XI. O mesmo Papa a declara Patrona Universal das Missões Católicas em 1927. O Papa João Paulo II a declarou Doutora da Igreja no dia 19 de outubro de 1997.
[12] RMi 89
[13] A vida fraterna em Comunidade, Doc.135. ¶ 8 e 9. Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e As sociedades de Vida Apostólica.
[14] Ibid, ¶ 39.
[15] RMi 90 / LG 41
[16] EN 80 pág. 110ss.
[17] CIC 2660
[18] Artigo 21 – Companhia da Imaculada – criada por São Domingos Sávio, aos 14 anos em 1856.
O Papa Pio XII o proclamou santo em 12 de junho de 1954.
[19] EN 82 pág. 116
[20] Estudos do Lumen Gentium, 52-29